Pretende levar o pet junto na viagem? Saiba quais cuidados tomar e o planejamento necessário
20 / Março / 2024
Tutores têm série de responsabilidades ao transportar os bichinhos
Se você é tutor de pet e encaixa-se entre os que acreditam que a solução para conseguir sair de férias sem se preocupar com o bichinho passa, simplesmente, por levá-lo junto na viagem, saiba que está redondamente enganado. Essa até pode ser uma saída, e ainda por cima com o presente da companhia dele, mas exige uma boa dose de planejamento. A bem da verdade, é a partir da decisão de viajar ou não com ele que as preocupações começam.
Um ponto importante a se ter em mente no dilema entre estar com os pets nas férias é o de que definir a viagem a partir da vontade dos tutores não é o melhor caminho, pois é preciso pensar no conforto dos bichinhos e na capacidade de adaptação deles. Uma saída mal planejada pode estressar tanto os cães e gatos quanto seus donos.
Permanecer ao lado deles durante o período de lazer e descanso mais aguardado do ano está longe de ser tarefa fácil. Mas tem tudo para ser recompensador se a viagem for bem executada. A fim de esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto, convidamos a médica veterinária, coordenadora do Complexo Médico Veterinário da UniRitter e docente do curso na instituição, Marília Ávila Valandro, a explicar as obrigatoriedades e os principais aspectos a serem estruturados para que todos possam aproveitar ao máximo. E, o mais importante, sem preocupações. Confira abaixo a entrevista.
Quais cuidados de saúde veterinária precisam ser tomados para evitar problemas médicos?
Marília: Antes de qualquer viagem, é indicado que o pet realize consulta com médico veterinário para avaliação geral da saúde e realização de exames. Na ocasião, o veterinário irá passar orientações específicas para o paciente ser transportado da forma mais segura e menos estressante. Em alguns casos, pode ser necessária a administração de alguma medicação para evitar que o pet passe mal durante a viagem e fique mais tranquilo no percurso. É importante salientar que o uso de medicações só deve ser realizado se prescrito pelo médico veterinário após a avaliação do paciente.
Quais as diferenças de cuidados para cães e gatos?
Marília: A principal diferença entre as duas espécies é que normalmente os gatos tendem a se estressar mais do que os cães nessas situações. Dessa forma, é importante que o tutor verifique as condições do local que irá receber o felino, como, por exemplo, se as janelas são teladas. Para ambos, é importante levar em conta o tempo de viagem, com programação de paradas para hidratação e realização de necessidades fisiológicas, (situações mais difíceis e fora do controle quando a viagem não é particular), e se estão habituados à caixinha de transporte.
O que levar em consideração no momento de escolher entre levar ou não o pet junto em viagens?
Marília: Em primeiro lugar, deve-se considerar o destino da viagem, se o local é PetFriendly. Existem muitos hotéis, pousadas e moradias de aluguel que não aceitam pets, ou aceitam apenas determinadas raças e espécies. Também deve-se apurar se haverá outros animais no local e se o temperamento de seu pet é apropriado para interações e mudanças com o objetivo de evitar brigas e estresses.
Outro ponto a ser considerado é o meio de transporte, se carro, ônibus ou avião. Sempre antes de definir se o pet irá junto na viagem de ônibus ou avião, deve-se consultar a empresa responsável pelo trecho para verificar as especificações da caixinha de transporte e compra de passagem, por exemplo. Tanto os locais de chegada quanto as empresas de transporte exigem atestado de saúde emitido por médico veterinário. Em casos de viagens internacionais, o controle é mais rígido, devendo o documento ser emitido no sistema do Ministério da Agricultura – nesses casos, o tutor precisa se informar sobre quais vacinas e exames são obrigatórios para que o pet ingresse no país de destino.
De que forma adaptar o local de destino para que o pet se sinta bem nele? E para o que atentar na hora de escolher o ambiente?
Marília: A adaptação dos gatos, por exemplo, deve ser feita com bastante cautela, mostrando o ambiente aos poucos e, pode-se utilizar feromônio felino no local para que o pet se sinta confortável.
Para ambas as espécies, deve-se sempre levar a cama, os brinquedos e os potes de alimentação e ração aos quais eles já estejam habituados. O local de destino necessita ser seguro para evitar fugas e o ambiente tem de ser, preferencialmente, de tamanho compatível com o que o pet já está acostumado. Levar um cão acostumado com pátio para um apartamento não é uma boa ideia.
Uma vez que se decidiu pela ida do bichinho, qual a melhor forma de transportá-lo?
Marília: O pet nunca deve ser transportado solto no veículo, nem com a cabeça para fora da janela. Tampouco pode ficar sozinho dentro do veículo.
Para cães menores e gatos, a melhor forma é utilizar caixinha de transporte – indica-se que ela seja bem arejada e espaçosa para que o pet consiga se movimentar. Antes da viagem, é importante que o pet já esteja habituado a utilizar a caixa. Uma dica é fazer com que eles a associem a algo bom. Como fazer isso? Deixá-la aberta em casa e colocar petiscos e mimos em seu interior pode gerar bom resultado.
Também existem cintos de segurança que são presos no peitoral do cão e cadeirinha de transporte (que é presa no cinto de segurança como se fosse um bebê conforto). Ao utilizar o cinto, faz-se importante verificar se o cão consegue se movimentar minimamente em cima do banco.
No trajeto, em caso de viagem de carro, como identificar os momentos de estresse e quando realizar pausas? Existe alguma convenção de quanto em quanto tempo realizar paradas?
Marília: Quando o pet está muito estressado, ele fica com a respiração ofegante e inquieto – se observados esses sintomas, deve-se realizar uma parada para que ele possa caminhar um pouco e tomar água. São recomendadas paradas a cada duas horas para hidratação, “esticar as patas”, fazer as necessidades, etc.
Durante a viagem, um ponto que deve ser observado é o conforto térmico, sendo aconselhável o uso do ar condicionado em dias quentes.
Na chegada, como identificar que o pet está se adaptando ao novo espaço? Como agir com ele?
Marília: A adaptação ocorre aos poucos, mas o principal é observar se o pet está se alimentando e realizando as suas necessidades normalmente. Deve-se manter a rotina que o pet já está acostumado, com passeios (no caso dos cães), brincadeiras, etc.
Quando é melhor deixá-lo em um hotel para pets? Como escolher esses estabelecimentos e profissionais?
Marília: O hotel é uma ótima opção para aqueles pets que não estão acostumados com viagens ou quando o local de destino não aceita animais de estimação. Existem muitos locais que fornecem esse tipo de serviço e, ao procurar um pet hotel, o tutor precisa atentar para alguns pontos, como se há presença de veterinário no estabelecimento para responder sobre quaisquer intercorrências que possam ocorrer durante a hospedagem. Conhecer a sede também é importante, realizando visitas às instalações e conversas com os cuidadores. Também é relevante averiguar se a empresa exige vacinação e vermifugação de todos os hóspedes, além da castração dos pets machos. Por fim, saber se existem atividades recreativas e de que forma a hospedagem faz contato com os tutores.