Especialista alerta para reações no organismo e orienta sobre como garantir a higienização de ambientes evitando acidentes domésticos

 

Nas redes sociais, a cada semana, diferentes receitas caseiras para a limpeza de casa viralizam, com dicas que podem ser perigosas para a saúde de quem manuseia e quem frequenta os ambientes higienizados com as misturas, muitas vezes indicadas por influenciadores digitais. Saber dos riscos, conhecendo os sinais de reações adversas no organismo e como proceder nesses casos pode salvar vidas de adultos e crianças.

Um caso que ganhou repercussão recentemente foi o do DJ Raphael Calistri, que usou suas redes sociais para relatar a intoxicação que sofreu ao limpar o banheiro com uma mistura de produtos químicos e excesso de cloro, causando nele uma convulsão. O desabafo, publicado em agosto, suscitou o debate sobre os perigos de acidentes domésticos ocasionados pelo uso indevido dessas substâncias.

Os perigos do uso inadequado dessas substâncias no cotidiano já haviam sido destacados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em maio de 2020, após o registro de alta dos casos de intoxicação por produtos de limpeza nos primeiros meses de pandemia. Antes mesmo da preocupação com a higienização dos ambientes ser intensificada, as reações a produtos químicos usados na limpeza da casa já representavam 6,11% dos casos de intoxicação no Brasil, de acordo com o dado do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), vinculado à Fiocruz, divulgado em 2017.

“A orientação da Anvisa é de que não sejam feitas misturas caseiras de produtos químicos, já que, a partir da combinação de substâncias, corremos o risco de liberar novos compostos voláteis, que podem provocar reações desde irritações mais leves até casos mais graves de intoxicação”, explica a professora do curso de Farmácia da UniRitter Isabel Damin, especialista em toxicologia. Em caso de sintomas superficiais, a especialista recomenda que seja buscado suporte junto ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) da região.

“Para evitar quadros mais graves é importante prestar atenção aos sinais de intoxicação, que incluem incômodo na garganta, dor de cabeça, e irritação na pele ou olhos. Caso esses sintomas apareçam e se intensifiquem, é necessário procurar assistência médica imediatamente”, orienta a professora. A equipe médica pode ser auxiliada pela conferência das composições químicas dos produtos utilizados, caso a vítima ou a pessoa acompanhante lembre de levar as embalagens, ou tirar fotos dos rótulos.

A profissional destaca que a forma mais segura de realizar a higienização de um ambiente ou objeto é seguir a utilização correta desses produtos, de acordo com o previsto nas orientações do fabricante. “É fundamental seguir as recomendações e evitar qualquer mistura de produtos, além de certificar-se de adquirir apenas substâncias regulamentadas pela Anvisa, que garantem segurança e eficácia”, salienta Isabel, reforçando que a compra de substâncias fora de comércio habilitado ou de produtos sem rótulos não é recomendada.

 

Como evitar acidentes

A especialista elenca algumas dicas fundamentais para evitar acidentes domésticos ao manusear produtos químicos de limpeza. As recomendações são:

1. Adquirir produtos que dispõem de liberação da Anvisa;

2. Seguir as recomendações de uso apresentadas na embalagem;

3. Não utilizar mais de um produto de limpeza simultaneamente;

4. Comprar os produtos de limpeza apenas em locais de comercialização regulada, como mercado e lojas autorizadas;

5. Utilizar produtos químicos mais fortes somente em ambientes arejados;

6. Em caso de sensibilidade, manusear as substâncias com equipamentos de proteção, como luvas e máscara