Esporotricose: doença transmitida a humanos e animais tem tratamento
 

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Esporotricose: doença transmitida a humanos e animais tem tratamento

29 / Novembro / 2023

Enfermidade causada por fungo tem sido atribuída a gatos, o que pode torná-los vítimas de abandono e violência

 

Circulou bastante nas últimas semanas algumas manchetes sensacionalistas de que o Brasil viveria um descontrole de uma doença atribuída a gatos, a esporotricose. Esse tipo de notícia ajuda a reforçar mitos e preconceitos, como o de que felinos seriam propagadores naturais de doenças. A professora de Medicina Veterinária da UniRitter e especialista em zoonoses Mariana Caetano Teixeira explica que os bichanos são vítimas dessa enfermidade, que é causada por um fungo que está no ambiente, assim como humanos e cães.

“Há vários mitos relacionados aos gatos: desde que é um animal que pertence à rua até que é transmissor de doenças. Eles podem contrair doenças, assim como nós e outros animais, e acabam mais suscetíveis e podendo se tornar vetores justamente por circularem entre a rua e a casa. A esporotricose é causada por um fungo, que está em restos orgânicos, na decomposição. O nome popular, inclusive, é doença do jardineiro, pois é comum contrair ao mexer em jardins se estiver sem luvas e houver alguma lesão nas mãos. Mas esse tipo de divulgação atribuindo a infestação aos gatos só contribui para o preconceito, o abandono e a violência contra felinos”, lamenta a docente.

Fato é que a doença, endêmica em algumas áreas específicas, começou a se espalhar para outras regiões do Brasil e tem sido observado um grande aumento de casos nos últimos três anos. Ela pode ser contraída no contato com uma lesão de pele com o fungo, e pode acometer gatos, cães e humanos. “Os gatos são mais vulneráveis pelo hábito de cavar a terra e afiar as unhas em madeiras. Como as disputas entre gatos e mesmo as brincadeiras com os tutores costumam envolver as unhas, eles acabam se tornando vetores”, explica a veterinária.

O principal sintoma surge de duas a três semanas após o contato com o fungo. São lesões de pele, primeiramente com aspecto de nódulo, mas que se abrem e geram úlceras, cujo líquido presente é contaminante. Ao observar esse sinal, deve-se isolar o animal imediatamente e procurar um veterinário. O tratamento é o mesmo para gatos, cães ou humanos, e é oneroso para o organismo: de quatro a seis meses de antifúngico, cujos efeitos colaterais incluem a sobrecarga hepática. “Infelizmente alguns animais chegam já muito ulcerados às clínicas, com a imunidade muito baixa para resistir ao tratamento. Como as feridas são contaminantes, a esporotricose virou uma doença ocupacional comum entre veterinários”, alerta Mariana.

Esta zoonose não tem vacina, e nem uma forma de controle ambiental para evitar a presença do fungo. A melhor prevenção, portanto, é o tratamento dos animais doentes – o abandono, além de uma prática cruel, permite que a doença siga se alastrando – e a conscientização de que gatos domésticos não deveriam ter acesso à rua. A castração e a instalação de telas protegem os felinos dos perigos externos. Atualmente, alguns profissionais da área de saúde se mobilizam para que a esporotricose passe a ser uma doença de notificação obrigatória, para que se observe as áreas de maior ocorrência e se construa políticas públicas adequadas.

Complexo Médico Veterinário

A UniRitter é a única Instituição de Ensino Superior privada de Porto Alegre com um Complexo Médico Veterinário, que conta com infraestrutura completa, especialistas e exames de imagens para cães e gatos. Localizado no Campus FAPA, realiza agendamentos de consultas e exames de rotina, sendo que as segundas à tarde são reservadas para atendimento exclusivo aos felinos.

Para consultar horários e agendar atendimentos, contate (51) 3230-3350 por WhatsApp ou (51) 3230-3345 por telefone. Para mais informações acesse a página do Complexo Médico Veterinário UniRitter.