Redes sociais e aplicativos de mensagens têm impactos na saúde mental
28 / Janeiro / 2025
Psicólogo ensina como controlar a ansiedade e o senso de urgência gerados pela comunicação instantânea e pela superexposição às telas
O uso de aplicativos de conversa e redes sociais vem aumentando no Brasil. O país ocupa a segunda posição mundial em tempo dedicado às redes sociais, atrás das Filipinas. Os brasileiros ficam quase 4 horas por dia conectados, acima da média global de 2h30.
Para 64,8% das pessoas, o principal motivo para usar as redes sociais é manter contato com amigos e familiares. Ler notícias (57,2%) e pesquisar produtos (46,5%) vêm logo em seguida. É também do Brasil o segundo lugar no ranking de quem usa o maior número de redes sociais: 8,4 em média. A campeã é a Índia, onde a média é de 9,2 redes ativas por usuário.
Estar entre os líderes mundiais em acesso às redes sociais não chega a ser motivo de comemoração. De acordo com o psicólogo Guilherme Alcântara Ramos, mestre em Análise do Comportamento, o uso excessivo de aplicativos de mensagens e redes sociais pode trazer prejuízos à saúde física e mental.
“Estar todo o tempo conectado causa ansiedade, estresse e sobrecarga mental, especialmente pela necessidade de responder rapidamente às mensagens. Fisicamente, esse hábito leva a problemas posturais, reduz o tempo dedicado a atividades físicas e ao lazer, compromete a qualidade de vida e afeta a saúde física e mental”, alerta o professor do curso de Psicologia do UniCuritiba – instituição da Ânima Educação.
A popularização dos aplicativos de mensagens se deve à facilidade de comunicação, aponta o especialista. “O problema é que as notificações constantes criam a sensação de que precisamos responder tudo imediatamente para não ficar de fora das conversas.”
Hábito de todas as idades
As redes sociais caíram nas graças de brasileiros de todas as faixas etárias, mas os adolescentes e jovens são os mais vulneráveis aos riscos do uso excessivo e inadequado das telas.
Segundo Guilherme, como estão em fase de desenvolvimento da personalidade, esses indivíduos têm suas habilidades sociais e relacionais prejudicadas pelo uso intenso de tecnologias.
Já os adultos e idosos têm outros problemas quando não estabelecem limites claros para as interações online, como o alto nível de estresse e a sobrecarga mental. “No caso dos idosos, menos familiarizados com as tecnologias, há também o risco aumentado de cair em golpes ou fake news”, diz o professor.
Questão de saúde
Para equilibrar o tempo de conexão e desacelerar em 2025, o psicólogo Guilherme Alcântara Ramos defende o uso racional dos aplicativos de mensagens e das redes sociais.
Entre as dicas estão a limitação do tempo diário de uso da internet, silenciamento das notificações em momentos específicos, tempo para atividade física e de lazer, prática da comunicação face a face e restrições ao uso de aplicativos como a única forma de interação social.
No caso de relações comerciais e envio abusivo de mensagens, o especialista sugere algumas estratégias. “O abuso no envio de mensagens pode ser percebido quando há interferência nas atividades diárias, aumento do estresse ou ansiedade, e quando a comunicação se torna exagerada ou invasiva.”
O professor do curso de Psicologia do UniCuritiba ensina que, para manter a privacidade sem ser ofensivo, é fundamental estabelecer limites claros e se posicionar de forma educada e assertiva.
“Informe que prefere não receber mensagens não solicitadas e sugira canais de comunicação mais apropriados. Utilize respostas automáticas, se necessário, e seja claro sobre a forma como irá lidar com a comunicação e as mensagens. Isso evita que a outra parte crie expectativas que não serão atendidas, o que pode impactar negativamente na relação”, finaliza Guilherme.