Aumento de casos de dengue exige atenção redobrada
20 / Março / 2024
O Rio Grande do Sul registrou mais de 1.500 casos de dengue confirmados em janeiro, mas como o Estado ainda não receberá a vacina gratuita, a prevenção é a melhor alternativa
O aumento dos casos de dengue confirmados no Rio Grande do Sul é exponencial. São mais de 1.500 apenas em janeiro, de acordo com o Painel da Dengue, da Secretaria Estadual da Saúde, e embora o Estado esteja em alerta, não foi contemplado na distribuição da primeira leva de vacinas pelo Ministério da Saúde. “Entre 2023 e 2024, nós tivemos um aumento muito grande, uma elevação de quase 1000% nos casos de dengue na nossa região”, relata a farmacêutica e coordenadora dos cursos de saúde da UniRitter, Siomara Monteiro. Diante desse cenário, é preciso ficar atento aos sintomas da doença e adotar medidas de prevenção, mantendo os ambientes limpos, sem acúmulo de água em locais abertos. “Em casos de surtos, usar roupas que minimizem a exposição da pele às picadas dos insetos, mosquiteiros, telas nas janelas e repelentes também podem ajudar”. Ela considera que os inseticidas domésticos também são ótimos aliados, mas em casos realmente de ocorrência de surtos.
Siomara explica que a transmissão da doença ocorre pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti. “O mosquito ingere o vírus ao picar uma pessoa que está infectada pela dengue e faz, então, essa transmissão”, complementa. Depois de um período de incubação, o vírus pode ser transmitido para outras pessoas que foram picadas por esse mesmo inseto. Mas o vírus da dengue não é transmissível de uma pessoa para outra, a não ser em casos de transmissão vertical, da gestante para o bebê, ou também por transfusão sanguínea. “A doença pode variar de um quadro assintomático, ou seja, sem manifestação de sintomas, até situações bem mais graves, como a dengue hemorrágica, causando muita hemorragia e choque, o que pode também causar a morte”, alerta.
Sintomas
A farmacêutica afirma que o primeiro sintoma, normalmente, é febre alta (de 39º a 40º) de início repentino e que dura de dois a sete dias. Esse sintoma ainda é acompanhado de dores fortes de cabeça, dores no corpo, nas articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, que é muito comum, e ainda erupções cutâneas. O paciente também costuma apresentar náuseas, vômitos, resultando em perda de peso. “É muito difícil diferenciar essa doença de outras enfermidades e, por isso, é tão importante consultar um médico, procurar uma unidade básica de saúde, onde vai ser aconselhado ao que fazer quando for acometido por esses sintomas”, recomenda. No período de diminuição, ou desaparecimento da febre, a maioria dos casos irá evoluir para uma recuperação e cura da doença. Porém, algumas situações podem evoluir para formas mais graves, e aí é importante ficar atento a uma dor intensa abdominal, vômitos persistentes, sangramento das mucosas (principalmente nariz e gengivas), letargia, tortura e queda de pressão, entre outros sintomas.
Independentemente do estágio da doença, a recomendação é procurar orientação médica, que pode indicar um acompanhamento ambulatorial, mesmo nos casos mais simples, e até encaminhar esse paciente para internação em uma unidade de terapia intensiva, em situações mais graves. “Ainda não há medicamentos específicos para combater o vírus da dengue e nos casos de menor gravidade, quando não têm esses sinais mais graves, de alarme da doença, a recomendação é repouso, ingerir bastante líquido, água, suco, soro caseiro, água de coco”, orienta Siomara.
Vacina
Uma notícia que tem trazido muito alívio à população é o fato de o Brasil ser o primeiro país no mundo a oferecer o imunizante no sistema público de saúde. A vacina recomendada pela Organização Mundial de Saúde foi desenvolvida pela farmacêutica japonesa Takeda. “O primeiro lote vai contemplar somente algumas regiões, porque não se tem um volume muito grande de vacinas perto da população que poderia estar se infectando com essa doença”, explica. Serão 1,32 milhão de doses de vacina entregues a partir de fevereiro para regiões com municípios de grande porte e com alta transmissão nos últimos 10 anos, e população residente igual a 100 mil habitantes, levando também em conta as altas taxas nos últimos meses. O Rio Grande do Sul, no entanto, ainda não foi contemplado para recebimento das doses porque não está entre os locais de maior transmissão dessa doença, mas a professora acredita que o aumento no número de casos essa situação tende a mudar com a chegada de novos lotes e a perspectiva de produção nacional do imunizante
Siomara informa que o público-alvo serão as crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue. O esquema vacinal será composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas. A lista de municípios e a estratégia de vacinação já estão sendo informadas pelo Ministério da Saúde, e a previsão é que as doses já sejam aplicadas em fevereiro. “A notícia muito importante, que é de destaque para nós e de grande alegria para a saúde, é que o Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer esse imunizante no sistema público universal. O Ministério da Saúde incorporou a vacina contra a dengue em dezembro de 2023 e a inclusão no esquema vacinal será feita, então, em fevereiro”, finaliza.